Festa de vizinhos? Essa pode ser boa opção para fortalecer
laços na comunidade — Foto:
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Neighbours%27_Day#/media/File:F%C3%AAte_des_voisins_(2015-05-29_21.32.30_by_Christine_und_Hagen_Graf).jpg
A psicóloga e
gerontóloga Rachel Pruchno é diretora de pesquisa do Institute of Sucessful
Aging, ligado à Universidade de Nova Jersey, e coordena um projeto que
estuda a relação entre um envelhecimento ativo e saudável e a vizinhança na
qual mora o idoso. Sua equipe quer descobrir até que ponto o lugar onde as
pessoas vivem é responsável pela forma como elas envelhecem. Os pesquisadores
acompanham 5.688 adultos, com idades que variam entre 50 e 74 anos, e que vivem
em Nova Jersey, na costa leste dos EUA. O grupo foi recrutado entre 2006 e 2008
e passa por entrevistas a intervalos regulares. A partir das informações
coletadas, artigos científicos vêm mapeando os desafios e as necessidades dos
idosos.
A equipe da
Ph.D. Rachel Pruch teve boas oportunidades para comprovar o papel desempenhado
pela vizinhança para a construção de um envelhecimento de qualidade. Ao avaliar
a extensão do estresse pós-traumático dos idosos atingidos pelo furacão Sandy,
em 2012, a coesão da comunidade representou uma fonte importante para a
superação da situação de adversidade. Mais de dois mil dos participantes do
estudo se declararam expostos à tempestade colossal, mas o apoio das pessoas do
seu entorno foi fundamental para se sentirem protegidos. Aqueles que tinham
vínculos mais fortes com outros membros da região foram os que relataram níveis
menos severos de ansiedade e problemas psicológicos depois do evento. Esse é um
indicador da necessidade de criação de redes de proteção que envolvam os
moradores.
Outro desses
trabalhos é a respeito da percepção sobre a falta de segurança da vizinhança,
questão que pode agravar um quadro de depressão. Conhecemos o problema de perto
no Brasil, e aqui crianças, adolescentes e adultos jovens são igualmente
golpeados por essa chaga. A vulnerabilidade social restringe a atividade
física, alimentando um círculo vicioso. Doenças crônicas também estão
relacionadas a um quadro depressivo, porque limitam a capacidade funcional da
pessoa e sua disposição de interagir socialmente – não custa lembrar que, por
volta dos 65 anos, cerca de 70% dos indivíduos têm duas ou mais dessas
enfermidades. Se o ambiente é hostil para qualquer tipo de exercício, mesmo que
seja uma simples caminhada, o quadro de saúde só tende a piorar.