A pesquisa do IBGE mostra como a
população brasileira está envelhecendo. E os jovens penam para entrar no
mercado de trabalho.
Seu Oswaldo se formou em
engenharia em 1973, um ano em que a economia brasileira cresceu impressionantes
14%. “Quando eu me formei eu tinha três empregos”, conta.
Cinquenta anos separam o seu
Oswaldo da Jéssika. Ela vai ser engenheira também. Ainda não se formou, mas já
está procurando emprego e preparada para esperar. “Todos os lugares que a gente
busca, eles querem experiência. E, como é o primeiro emprego, essa experiência
nunca tem, quer dizer, então, dificulta”, lamenta a estudante Jéssika Cunha.
Essa barreira do primeiro emprego
prejudica não só os jovens, mas a economia como um todo. “Lá na frente, quando
eventualmente a economia se recupera e esse indivíduo entra no mercado de
trabalho, ele entra com uma produtividade menor. E aí se a gente tem gente
produzindo menos, a gente cresce menos”, afirma Bruno Ottoni, pesquisar da
FGV/IBRE.
Durante boa parte da nossa
história, a maioria da população foi formada por jovens. O Brasil não tem
experiência em ser um país de pessoas experientes. O desafio agora é enfrentar
os novos problemas sem esquecer as antigas barreiras.
Até a década de 1980, a população
brasileira tinha o aspecto de uma pirâmide: muito mais jovens do que idosos.
Mas esse formato foi mudando e, no último Censo, mais parece uma caçamba. As
projeções do IBGE para 2060 indicam que começaremos a ver um funil etário, ou
seja, mais idosos do que jovens.
A pesquisa desta quarta-feira (22)
também revela outra mudança: o aumento do número de pessoas que se declaram
pretas ou pardas, de acordo com a nomenclatura oficial do IBGE. Em 2012, as
pessoas declaradas brancas eram 46% da população, caindo para 43% em 2018. No
mesmo período, os que se reconhecem como negros subiram de 7% para 9%. O
percentual dos que se dizem pardos subiu de 45% para 46%.
“A gente percebe, principalmente,
o crescimento das pessoas pretas e pardas, que pode, sim, estar ligado a
políticas afirmativas de conscientização, trazendo uma outra perspectiva
cultural para essas pessoas. A ponto delas se declararem pertencendo a uma cor
ou outra”, afirma Adriana Beringuy, analista da PNAD Contínua/ IBGE.
Enquanto estuda, Jéssika se
prepara para um futuro em que cada página virada é uma barreira quebrada.
“Difícil ver um negro no mercado de trabalho em uma faixa alta. Então, eu estou
estudando, passei no vestibular da Uerj para Engenharia Civil, então já é um
cargo alto. Eu vou chegar lá e vou ser uma engenheira civil, independente da
cor”, disse.
Via G1