João Augusto Aleixo tirou nota 1000 na redação do Enem em Ribeirão Preto, SP Foto: João Augusto Aleixo/ Arquivo pessoal |
Obras de
filósofos como Jean-Paul Sartre (1905-1980) são presença garantida na estante
de João Augusto Aleixo, de 19 anos, que encara a leitura como algo divertido,
inclusive em meio à rotina atribulada de estudos.
Mas o que
parecia entretenimento para o estudante nascido em Bauru (SP), que vive em
Ribeirão Preto (SP), acabou fazendo diferença no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem): com menção às ideias do existencialista francês, a redação dele foi uma
das 55 de todo o país a tirar nota 1000 na prova.
O resultado
no Enem deve ajudar Aleixo, que busca uma vaga em medicina na Universidade
Federal do Paraná. Nesta terça-feira (22), milhares de estudantes como ele
poderão usar a pontuação no exame para se inscrever no
Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2019.
O jovem
realizou a prova em Pederneiras (SP) e na redação destacou a relação entre
liberdade e responsabilidade social defendida pelo francês na obra "O
existencialismo é um humanismo” para discutir o tema "Manipulação do
comportamento do usuário pelo controle de dados na internet".
"É
preciso ter responsabilidade com essa liberdade, e essa liberdade não está
sendo exercida pelas mídias sociais e pelas empresas que estabelecem os
algoritmos", diz.
Na
região, a estudante de Franca
(SP), Aimée Utuni, de 17 anos, também se destacou no grupo das
melhores redações do país.
João Augusto
Aleixo
tirou nota 1000 na redação
do Enem em Ribeirão Preto
Foto: João
Augusto Aleixo
|
LEITURA E PRÁTICA
Para tirar
nota 1000 na redação do Enem, o estudante afirma que contou com bem mais do que
o cursinho pré-vestibular particular que frequenta na cidade.
Além das
aulas, Aleixo confirma que faz um cursinho de redação, com o qual preenche
outras 12 horas diárias de estudos. Entre uma matéria e outra, o jovem diz
incorporar tanto as leituras de obras exigidas nos vestibulares quanto as
voltadas para a filosofia, área pela qual tem grande interesse.
"Sempre
gostei bastante de filosofia, mas o curso de redação me aproximou bastante
dessa realidade."
Ele estima
ter lido em média dois livros por mês antes dos exames, entre os quais obras de
escritores consagrados como Albert Camus (1913-1960) - “O Primeiro Homem” -,
Michel Foucault (1926-1984) - "História da loucura" -, além de
Sartre.
"Leio
como se fosse uma distração e não encaro como um estudo, por mais que eu tenha
usado uma leitura que fiz no meu tempo livre."
O
aprendizado que obteve com o hábito da leitura incentivado pelos pais desde
pequeno - associado à produção semanal de três redações antes da prova - acabou
sendo um aliado na hora de testar a capacidade de expor suas ideias no papel.
Prova Amarela - Foto: Reprodução |
Também à espera dos resultados da segunda fase da
Unicamp e da Unesp, Aleixo confirma que precisou deixar um pouco de lado as
redes sociais para se dedicar mais aos livros. Para ele, ler é essencial e deve
ser exercitado, sobretudo para quem escreve.
"Acho que é normal esse tipo de livro causar
dificuldade em relação à linguagem. Eu mesmo não entendo algumas partes e tenho
que voltar. É persistência. Quanto mais você lê, melhor você fica",
afirma.