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sábado, 26 de janeiro de 2019

Tragédia em Brumadinho acontece três anos após desastre ambiental em Mariana


Na noite desta sexta-feira (25), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, declarou que laudos atestavam um risco baixo de desabamento e que, dessa vez, a tragédia humana será maior. Há três anos e dois meses, em Mariana, 19 pessoas morreram.
Menos de 200 quilômetros e exatos 1177 dias separam duas tragédias: a do córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, e a de Bento Rodrigues, no município de Mariana.
5 de novembro de 2015, era uma quinta-feira. A barragem de Fundão rompeu. A lama levou tudo o que tinha pelo caminho. O povoado de Bento Rodrigues sumiu do mapa. Paracatu de Baixo e Gesteira também estavam na rota da destruição. Mais de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro vazaram, atingiram o Rio Doce e chegaram ao mar. 19 pessoas morreram.
Tanto tempo depois do acidente, os distritos devastados ainda estão debaixo de lama. Os moradores continuam em casas alugadas pela mineradora Samarco. 22 pessoas foram denunciadas, sendo que 21 por homicídio. O processo está na Justiça Federal.
A construção de um novo distrito para substituir o Bento Rodrigues estava prevista para terminar em 2019, mas foi adiada para 2020. Processos e acordos das vítimas se acumulam até hoje.
A Samarco parou de operar logo depois do desastre. As controladoras da empresa são a BHP Billiton, de capital inglês e australiano, e a brasileira Vale, empresa que no ano de 1942, no governo de Getúlio Vargas, foi criada e batizada de Vale do Rio Doce. Uma companhia de economia mista, sendo o Governo Federal o principal acionista. A privatização veio em maio de 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, num leilão na Bolsa de Valores do Rio.
A Vale é hoje a terceira maior empresa em valor de mercado do país; atrás apenas da Petrobras e do Itaú Unibanco. Está avaliada em R$ 289,8 bilhões e é uma das maiores mineradoras do mundo. Está presente em 30 países.
As ações da Vale passavam por uma ótima fase na Bolsa de Valores de São Paulo. Do início do ano até esta quinta-feira (24), os papéis acumularam alta de 10%. Os efeitos do rompimento da barragem em Minas Gerais só serão sentidos no no mercado brasileiro na segunda-feira (28). Hoje é feriado em São Paulo e a Bolsa não abriu.
Vista aérea de barragem da Vale que rompeu em Brumadinho, MG — Foto: Washington Alves/ReutersNa Bolsa de Valores de Nova York, os efeitos foram imediatos. Os papéis da empresa abriram o dia com tendência de alta, mas, assim que a notícia da tragédia circulou, houve um forte recuo: queda de 9%. Os papéis da Vale fecharam o dia com redução de 8%, valendo R$ 13,66.
Por volta das 20h30, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, concedeu uma entrevista coletiva. Ele disse que a prioridade no momento é o atendimento às vítimas. "A maioria dos atingidos são nossos próprios funcionários. Nós tínhamos, no momento do acidente, aproximadamente 300 funcionários, próprios e de terceiros, trabalhando naquele local. Nós não sabemos quantos foram acidentados pelo produto vazado da barragem. Os funcionários da Vale tiveram seu restaurante soterrado; isso aconteceu na hora do almoço. E o prédio administrativo também", relatou.
O presidente da Vale afirmou que tem laudos atestando que o risco de desabamento era baixo: "Agora, no dia 10 de janeiro, foi feita a última leitura dos monitores, tudo normal. O último relatório que nos foi enviado de auditoria externa foi no dia 26 de setembro de 2018, que atestava a perfeita estabilidade do sistema. Surpresa porque nós temos atestados de auditorias externas, feitas por empresas especializadas - inclusive alemãs -, que atestam a estabilidade dessa mina".
Fabio Schvartsman afirmou que, desta vez, o dano ambiental será menor se comparado à tragédia de Mariana, mas a perda de vidas não: "Dessa vez é uma tragédia humana, porque nós estamos falando de uma quantidade provável grande de vítimas. Nós não sabemos quantas são, mas sabemos que será um número grande. E, possivelmente, o dano ambiental dessa vez será menor. Como eu disse, como a barragem era uma barragem nativa, o material dentro dela já era razoavelmente seco e, consequentemente, ele não tem esse poder de se deslocar por longas regiões. Então, a parte ambiental deve ser muito menos e a tragédia humana, terrível".
Acidente foi em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte — Foto: Arte G1