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sábado, 2 de fevereiro de 2019

FEVEREIRO POÉTICO: Do Mearim para o mundo


Foto: Ana Néres 
 Em fevereiro de 2019, completa-se 3 anos do lançamento do livro FEVEREIRO POÉTICO, idealizado por Ana Néres Pessoa Lima Góis -  educadora, poeta, pesquisadora e artesã. O livro FEVEREIRO POÉTICO faz parte do Projeto Ano Poético. Conta com a participação de 25 autores, e com a Coordenação editorial de Adalberto Frankllin (in memoriam) e Ana Néres Pessoa Lima Góis, Revisão de Maria Luiza de Marilac Veras Uchôa, Capa de Balbino Cajueiro, Impressão e acabamento – Ética Editora, e Registro de ISBN 978-85-88172-XX-Y.


PROJETO ANO POÉTICO

“Todo mundo canta a sua terra, eu vou cantar a minha também...”. Assim se expressava João do Vale,o poeta que mais distante levou o nome de nossa região. Podemos, também, ressaltar o mito de que quem bebe da água do Mearim, decifra o mundo em linhas poéticas e, ainda, em Fernando Pessoa, identificarmo-nos no poema:
“DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.”
 (Alberto Caeiro, em “O Guardador de Rebanhos”)
Partindo da “nossa aldeia poética”, denominada mitologicamente de Aldeia Poética do Mearim, eclodimos em poesia, porque o mundo poeta não cabe em espaço físico nem geográfico, ele se envolve em seu mundo, enquanto cresce na “ideia de mundo”, vindo a contagiar outros.
O Projeto ANO POÉTICO é poesia escorrendo, vazando, enchente por entre as serras, que leva o poeta e a poesia do vale do Mearim a fertilizar sementes, expor frutos dentro e fora dos muros sociais e geográfico que nos prendem nas casas de nossos ofícios e os empurram para a marginalidade das periferias dos olhares, quando numa pequena fagulha de pensamento achamos não poder fazer Literatura, esse produto tão cruelmente por vezes afastado das aldeias dos povos e guardado nas vitrines do poder ser e ter. ANO POÉTICO tem por objetivo reunir, agregar todos os poetas e escritores atuantes na Região do Mearim, e convidados, em torno de um só projeto, proporcionando interação entre si e também motivação para que a Literatura da região desperte, podendo assim vir a gerar mais publicações e chamar a atenção do Estado para a leitura, destaque e investimento nos autores e obras. Prevê a escrita, a produção e o lançamento de 12 exemplares de antologias constituídas por poemas, crônicas, memórias e contos, compreendendo um título para cada mês do ano, sendo nomeadas com os nomes dos meses podendo ter subtítulos.
O tempo de produção, bem como a ordem de concepção de cada livro é inespecífico, sendo de acordo com a inspiração e os autores participantes do projeto.
Ana Néres Pessoa Lima Góis
Coordenadora do projeto

Foto: Ana Néres

DO MEARIM PARA O MUNDO

“... de Aldeia Poética do Mearim, eclodimos em poesia, porque o mundo poeta não cabe em espaço físico nem geográfico, ele se envolve em seu mundo enquanto cresce na ‘ideia de mundo’ vindo a contagiar outros.” Ana Neres Pessoa Lima Góis

PROJETO ANO POÉTICO
Um pingo de cor das tantas cores de fevereiro; de um toque tom musical, seja de uma guitarra ou sopro de um pife. A palavra sim ou não, dependendo da ocasião, que pode ser bandeira ou letra de uma canção; ou vidas, caminhos, paz e guerra, mas também plantação de margaridas para o jardim que pode ser de um coração... Um livro!!! Um livro para se abrir presente de olhares em leituras dos passos, romances, do humano viver cardo cordel nordestino dos cantares violeiros, ou Tambores de São Luís, de Josué Montello, ou contemplação, pranto “fonte do Ribeirão”. Dos ventos, ímãs Rosa dos Ventos que nos inclina ao Norte, convite ao navegar, descer, remar canoa, passar por povoações, cidades medidas do curso do rio em margens de verdes pindovais. Pindovais que morrem com o pranto das palmeiras que dão na região do médio-baixo-Mearim as palmas – bandeira de sua soberania. Tudo porque o coco capital é de ouro. Não! Não quer conviver com o coco dança dos pobres. E decreta: “Exterminem-se os palmeirais”, pois a terra é boa para a produção do pasto de engorda de animais. Alega-se que não há mais razão do se viver aldeia, do olhar-se a cada manhã o eu, tu, nós a se saudar bons-dias. O coco-ouro tem outro tom de poesia que engloba. Poema máquina de estrugir feroz. Que me cala a voz. Passado um momento, no entanto, vibro, porque sou capaz de me imaginar na trincheira a manejar um antigo canhão, não!, bacamarte deixado por um dos guerreiros balaios de um sonho abolicionista-republicano. Dá de disparar?! Não! Antigo! Mas, por ser antigo, tomo-o com a certeza que a poesia tece a arte-consciência a inventar caminhos com a tão sonhada, amada, cidade aldeia da liberdade.
Raimundo Carneiro Corrêa



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JOÃO ISRAEL DA SILVA AZEVEDO
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