Barragem destruiu casas após rompimento
em Brumadinho
(Ricardo Stuckert/Fotos Públicas)
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Desde o dia 25 de janeiro, a população brasileira
acompanha as repercussões de mais um crime ambiental de proporções
incalculáveis. O rompimento da barragem de “Brumadinho 1”, na região do Córrego
do Feijão (MG) já entrou para a história em função do número de vítimas
identificadas até o momento, sendo que as buscas ainda não se encerraram.
“Um crime dessas proporções é sempre
impactante, porque evidencia a permissividade do Estado brasileiro com o grande
capital na exploração dos recursos naturais, negligenciando alertas emitidos
por organismos internacionais, movimentos sociais e órgãos ambientais sobre os
riscos de sua existência”, avalia a presidente do CFESS, Josiane Soares. Assim
como o ocorrido em Mariana (MG) em 2015, também a mina de Brumadinho acumulava
um histórico de problemas notificados por órgãos ambientais desde 1998, como multas
por deslizamentos, despejo de efluentes nos rios e poluição do ar (conforme
noticiado pelo Portal Terra – clique aqui para saber mais.
“Em razão de tais fatos, o Conjunto
CFESS-CRESS, alinhado com o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e outras
organizações em defesa dos direitos humanos, reforça que não se pode
naturalizar a retórica do ‘desastre’ ambiental, para qualificar o que ocorreu
em Brumadinho, como também não foi ‘desastre’ a situação de Mariana, sobre a
qual também nos manifestamos à época”, relembra a presidente do CFESS.
Desastres são imprevistos e o rompimento dessa barragem já era uma tragédia
anunciada, diante da qual não se registra nenhuma medida preventiva, nem
voltada à população residente na região e, tampouco, voltada aos/às
trabalhadores/as da Vale, também atingidos/as.
Indígenas observam o Rio Paraopeba, poluído pela
lama de rejeitos
(Lucas Hallel/Ascom Funai/Fotos Públicas)
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“Embora indenizações e reparações de quaisquer
naturezas não possam suprimir as consequências do ocorrido, responsabilizar
esses empreendimentos tem o sentido político de mostrar que o valor econômico
dessas atividades não pode se sobrepor ao valor das vidas que foram perdidas e
prejudicadas pelo seu funcionamento. Tem também o sentido político de alertar
para o movimento, fortemente presente na composição do atual Executivo Federal
e do Congresso Nacional, que caminha de braços dados com as mais retrógradas
frações da classe dominante brasileira interessada em flexibilizar os parcos
dispositivos legais que regulam o avanço do capital sob o meio ambiente – o que
inclui os direitos das populações que vivem e trabalham nessas localidades”,
analisa a conselheira do CFESS Mariana Furtado.
AÇÃO POLÍTICA E DEMANDAS AO TRABALHO
DE ASSISTENTES SOCIAIS NA REGIÃO
O Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais
(CRESS-MG) vem desempenhando importantes ações em defesa dos direitos da
população afetada pelo crime socioambiental de Brumadinho.
O conselheiro Leonardo Koury Martins,
coordenador da Comissão de Ética e Direitos Humanos, tem acompanhado
diretamente as atividades do “gabinete de crise” em conjunto com o Conselho
Regional de Psicologia (CRP), a Comissão de Direitos Humanos da OAB, o MAB e
outras instituições do estado. Leonardo destaca que um dos avanços pactuados na
última reunião, realizada em 30 de janeiro, foi o compromisso do poder público
municipal de convocar os/as profissionais da região para uma reunião interdisciplinar
de “alinhamento” com suas entidades representativas.
“O trabalho em andamento busca assegurar o
atendimento emergencial, mas não deve se restringir a este. Precisamos acionar
o conjunto mais amplo das políticas públicas, a exemplo das políticas de
desenvolvimento territorial e habitação de interesse social, considerando-se os
diversificados impactos presentes numa situação como esta”, enfatiza o
conselheiro. Para demarcar esse propósito, o CRESS-MG produziu uma nota de
orientação à categoria profissional, disponibilizada em seu site (acesse aqui).
Outra questão importante é a organização
administrativa do CRESS-MG, para atender à demanda emergencial de novos pedidos
de inscrição em função de contratações temporárias que estão ocorrendo em
decorrência da necessidade de recompor as equipes para atendimento na região.
“Organizamos um fluxo específico e mais célere, para agilizar a aprovação
dessas novas inscrições e eventuais reinscrições, considerando a necessidade de
possibilitar o trabalho profissional com qualidade e prestado em condições
legais por profissionais devidamente inscritos/as no CRESS”, informa a
conselheira vice-presidente, Ana Maria Bertelli.
Vegetação e casas destruídas após passagem
da lama (Ricardo Stuckert/Fotos Públicas)
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O CFESS reafirma que o compromisso de
assistentes sociais em todo o Brasil é com a qualidade dos serviços prestados e
o acesso da população aos direitos sociais e humanos. O Conselho Federal se
solidariza com a população e com os/as trabalhadores/as da Vale afetados/as
pelo que o CFESS considera um crime. “Conclamamos, juntamente com o CRESS-MG,
as/os assistentes sociais da região a se empenharem na realização de suas
atribuições, munidas/os de nossas bandeiras de luta, pois assegurar um trabalho
competente e com direção política é essencial para combater as desumanidades e
os impagáveis custos da exploração do trabalho no capitalismo”, completa a
presidente do CFESS.
Conselho Federal de
Serviço Social - CFESS
Gestão É de
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