Mais de 65 mil diplomas emitidos pela Associação de
Ensino Superior de Nova Iguaçu, mantenedora da Universidade Iguaçu (Unig), do
Rio de Janeiro, foram cancelados em 2018. O motivo é uma investigação do
Ministério da Educação (MEC) que apura um esquema de fraude que envolve a Unig
e outras instituições de ensino do país.
Campus da Universidade Iguaçu (Unig), em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Crédito: Unig/divulgação. |
Segundo o MEC, muitas instituições
não-universitárias – e, portanto, sem autorização para graduar alunos em cursos
superiores – recorriam à Unig para conceder o diploma aos alunos. As informações são do jornal O Globo.
O cancelamento impede que diplomados por essas
instituições tomem posse em concursos públicos, por exemplo. Há casos do tipo
no Distrito Federal e em São Paulo.
A Unig seria uma intermediária para a validação dos
comprovantes de graduação de instituições irregulares. Acredita-se, no entanto,
que a Unig não seja a única envolvida nesse tipo de prática.
Em 2016, a Assembleia Legislativa no Estado de
Pernambuco (Alepe) concluiu, através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI), que diversas instituições iludiam os estudantes com a venda de cursos
terceirizados – em geral, mais baratos e menos exigentes em carga horária e
avaliações em comparação com o restante do mercado.
Entre os crimes apontados pela chamada CPI das
Faculdades Particulares estavam propaganda enganosa, falsidade ideológica,
estelionato e associação criminosa. Os deputados pediram o indiciamento de 20 pessoas e recomendaram ao
Ministério Público Federal medidas judiciais e extrajudiciais contra as
instituições.
Os diplomas
A Unig tinha grande papel no esquema, pois era a que
conferia o aspecto legal aos diplomas – e em apenas dois meses.
Após a abertura de um procedimento de supervisão, o
MEC apurou que a universidade registrou mais de 94 mil diplomas de cursos de
outras instituições, entre 2011 e 2016. O Ministério da Educação afastou o
corpo diretivo da Unig e a impediu de registrar novos diplomas, cancelando sua
autonomia universitária.
Para firmar o compromisso com o MEC e com o
Ministério Público Federal (MPF) de Pernambuco, a instituição revisou os
diplomas registrados para terceiros e cancelou mais de 65 mil. Em troca, voltou
a emitir diplomas e está autorizada a abrir cursos.
Em nota, a Unig declarou que não foi convocada para a CPI da
Alepe, pois não integrava o rol de instituições que ofertavam os cursos
envolvidos na investigação. “A Unig nunca foi instituição alvo da investigação
levada a cabo pela referida CPI.”
A universidade afirmou que os diplomas cancelados
foram emitidos por outras instituições de ensino. Segundo o MEC, ao todo, 25
instituições de ensino foram descredenciadas após a comprovação das
irregularidades – entre elas a Faculdade da Aldeia de Carapicuíba (Falc), do
interior de São Paulo.
Não é a primeira vez que a Unig se envolve em um
escândalo. Em 2013, o nome da universidade apareceu em uma ação que
investigava a compra de vagas em cursos de Medicina.