O ministro da
Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, exonerou nesta sexta (11) dez pessoas que
ocupavam cargos comissionados no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), incluindo o chefe de gabinete do órgão, Rogério Fernando Lot.
Como presidente
interino do FNDE, foi Lot quem assinou a recente retificação no edital que
permitiria a aquisição de obras com erros de impressão e propagandas (veja
reprodução abaixo).
A alteração do
edital, publicada no "Diário Oficial da União" no dia 2 de janeiro,
também retirava a exigência para as editoras de retratar a diversidade étnica e
o compromisso com ações de não violência contra a mulher, além de citar
referências bibliográficas.
No mesmo dia da
divulgação do caso pela imprensa na quarta (9), o
MEC anulou o edital e culpou a gestão anterior, do governo Temer,
de alterar o documento. O ex-ministro da Educação Rossieli Soares negou que a
gestão dele tenha feito as mudanças no texto.
Nesta quinta
(10), Vélez Rodríguez pediu a abertura
de uma sindicância para apurar o caso.
Veja as
alterações:
· Erros
de impressão - Na versão de outubro, o edital dizia que a obra deveria
"estar isenta de erros de revisão e /ou impressão". Esse trecho foi
retirado.
· Referências
bibliográficas - Outro trecho que foi tirado do edital afirmava que o
livro deveria "incluir referências bibliográficas".
· Propaganda -
Também foi excluída a exigência de que a obra deve "estar isenta de
publicidade, de marcas, produtos ou serviços comerciais, exceto quando
enquadrar-se nos casos referidos no Parecer CEB nº 15 de 04/07/2000".
· Diversidade
étnica - A versão de outubro determinava que os livros deveriam
"retratar adequadamente a diversidade étnica da população brasileira, a
pluralidade social e cultural do país". Este trecho também foi retirado do
edital.
· Não
violência contra a mulher - A atualização do edital fundiu três artigos
da versão anterior, retirando, por exemplo, trechos que exigiam o compromisso
com ações de não violência contra a mulher. Na parte que fala em promover
positivamente mulheres, afrodescendente e povos indígenas, foi retirada a
expressão "homens do campo".
O edital, cuja
primeira versão foi publicada em março de 2018, contém diretrizes para
aquisição de obras para os 6º e 9º anos do ensino fundamental de escolas
públicas federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal.
A compra do
material, que deve ser usado em 2020, é feita pelo Programa Nacional do Livro.
É comum haver
alterações em documentos desse tipo. A mudança do dia 2 de janeiro foi a quinta
já realizada no edital, a primeira durante o governo do presidente Jair
Bolsonaro.
Reprodução
do Diário Oficial da União
mostra o
aviso de alteração do edital
para compra
de livros didáticos com
a assinatura
de Rogério Lot.
Foto: Reprodução/Diário Oficial da União
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