O
Ministério da Economia publicou portaria nesta segunda-feira (06) autorizando o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, a contratar
temporariamente por um ano 234.416 profissionais para atuarem no recenseamento
da população brasileira no ano que vem, o Censo 2020. A expectativa inicial do
órgão era contratar 300 mil pessoas, mas em fevereiro, durante sua posse, a
nova presidente, a economista Suzana Guerra, já falava em “mais de 240 mil”.
A partir desta
segunda, o IBGE tem seis meses de prazo para anunciar as regras do processo
seletivo simplificado que vai preencher as vagas. A portaria deixa claro, no
entanto, que as contratações somente serão feitas, em janeiro de 2020,
“mediante disponibilidade de dotações orçamentárias específicas”.
Desde o ano
passado as restrições orçamentárias do governo federal começaram a causar
dúvidas sobre a realização do Censo. De acordo com o reportagem do jornal O
Estado de S.Paulo, em agosto de 2018, o comando do IBGE argumentava com o então
Ministério do Planejamento a necessidade de liberação ainda em 2019 de R$ 1
bilhão para preparar a pesquisa, que ao todo custaria R$ 3,4 bilhões, segundo
cálculos do Instituto.
Na semana
passada, a presidente do órgão, Suzana Guerra, anunciou a previsão de reduzir
em 25% o orçamento para o Censo 2020 e a possibilidade de diminuir o número de
perguntas no questionário. Cerca de 250 servidores do IBGE protestaram na
última quinta-feira contra a medida. O grupo foi recebido por Guerra
informalmente. Segundo eles, a presidente do IBGE afirmou que o corte pode ser
ainda maior e que dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios podem
ser usados para preencher eventuais lacunas no Censo.
Em fevereiro,
na cerimônia de posse da nova chefe do órgão, o ministro da Economia, Paulo
Guedes, já tinha sinalizado a redução do questionário. “O censo de países ricos
tem 10 perguntas, o censo brasileiro tem 150, e o censo do Burundi tem 360
perguntas. Quem pergunta demais acaba descobrindo coisa que nem queria saber.
Então, eu sugiro que sejamos espartanos, façamos uma coisa bem compacta,
façamos o essencial, e nós vamos tentar de toda forma ajudar”, disse o
ministro.
No último
sábado, o Sindicato Nacional dos servidores do IBGE reuniu acadêmicos para
debater o tema. Eugênia Motta, antropóloga e professora da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, UFRJ, mencionou que um questionário menor pode tornar
populações vulneráveis ainda mais invisíveis. “Reduzir o Censo é um risco,
podendo diminuir a visibilidade da população de certos locais num país
desigual. É justamente junto a essas populações marginalizadas que as
informações custam a chegar e são mais caras. Há pressão para tornar essas
realidades invisíveis. Só a estatística pública tem a capacidade de mostrar a
existência de determinadas realidades. Deixar de obter essas informações pode
fazer com que essas populações deixem de ser vistas e as políticas para elas
deixem de ser uma preocupação oficial”, argumentou.
CONFIRA AS
VAGAS PREVISTAS
Coordenador
Censitário de Subárea 1: 600
Coordenador
Censitário de Subárea 2: 850
Agente
Censitário Operacional: 1.760
Supervisor
(call center): 4
Agente
Censitário Municipal: 6.100
Agente
Censitário Supervisor: 23.578
Codificador
Censitário: 120
Recenseador:
196.000
Supervisor
PA: 1.304
Recenseador
PA: 4.100